sexta-feira, 10 de agosto de 2012

1933: O ano em que Pagu e Jorge Amado se encontraram na literatura



Há exatos 100 anos nascia no interior da Bahia Jorge Leal Amado de Faria, que ficou mundialmente conhecido como Jorge Amado

Apesar de ter suas histórias centradas na cultura regional, em 1933, Jorge Amado lançou o livro Cacau, focado na vida do sergipano José Cordeiro. Nascido na burguesia nordestina, o jovem sofre um golpe do destino com a morte do pai e descobre que não há dinheiro mais para sustentar sua família. 

Sem medo de enfrentar a vida, José Cordeiro vê-se obrigado a procurar trabalho na classe operária, classe esta que ele nem sabia que existia, mas que tanto foi determinante para sua formação como herói do trabalho. 

E assim vivia também outra personagem operária, a Otávia, protagonista do romance Parque Industrial, de Patrícia Galvão, a Pagu. Lançado no mesmo ano que o livro de Jorge Amado, a escritora, musa dos modernistas e figura ativa do Partido Comunista, Pagu editou esta obra sob o pseudônimo de Mara Lobo.





Tanto em Cacau como em Parque Industrial, o foco da trama é a luta de classes. Quando Jorge Amado escreveu a saga de José Caordeiro não tinha certeza se o enredo era um romance proletário. Sobre isso, o próprio afirma em nota introduzida na edição de 2010 desse romance: “Tentei contar neste livro, com um mínimo de literatura para um máximo de honestidade, a vida dos trabalhadores das fazendas de cacau do sul da Bahia. Será um romance proletário?”.


Pagu sabia o que falava desde o início, pois na pele de Otávia, muito se reconhece da personalidade de Patrícia Galvão, jovem que viveu na burguesia, mas que abandonou tudo em troca da causa proletária. Enquanto que no personagem Alfredo, podemos enxergar semelhanças com Oswald de Andrade, que era filho da burguesia – descendia de uma tradicional família de classe alta paulistana, mas que abandonou os laços por simpatizar pelos menos favorecidos, porém, não ao ponto de largar tanto conforto. Assim como na trama, Pagu separou-se de Oswald para vivenciar o cotidiano do proletariado.


Para quem se interessa pelo assunto, sugiro além dos romances de Patrícia Galvão e Jorge Amado, os livros Jorge Amado: Romance em Tempo de Utopia, de Eduardo de Assis Duarte, e Pagu: Literatura e Revolução - um estudo sobre o romance Parque Industrial, de Thelma Guedes.

Boa leitura!

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